Monstros Marinhos
O Medo do Mar
Na Idade Média, a grande maioria dos europeus tem medo da água, e, mais ainda, da sua extensão, ou seja, do mar. Para os europeus, o reino das águas excluía a vida humana. O homem podia dominar os mares interiores, como os lagos, e até o Mediterrâneo, podia também atravessar os rios e navegar por eles, mas quando as águas se estendiam a perder de vista, até distâncias completamente desconhecidas, como acontecia no Oceano Atlântico, então o mar tornava-se o reino de todos os monstros.
Escritores da Antiguidade falavam da fecundidade do mar, pelo facto de acreditar que as sementes masculinas desciam do éter com a chuva e, ao caírem no mar, provocavam não só a fantástica multiplicidade de peixes e outros animais que nele habitavam, mas também o aparecimento dos maiores seres vivos de todo o mundo e das espécies mais confusas e monstruosas.
A este horror do mar junta-se a conotação negativa dada ao lugar onde o Sol se põe, e a sua associação com o reino da morte, por oposição ao lugar onde ele nasce, ou seja, aquele onde tudo começa. Assim, o Ocidente é o lugar das trevas, do desconhecido, do fim do mundo. É esta concepção que explica o enorme horror à navegação para Ocidente.
De facto, navegar para o Sul, ao longo da costa, e contornar o continente africano, era uma grande e terrível aventura, porque se pensava que o calor era tão grande que o mar fervia como numa marmita posta ao lume.
As navegações portuguesas do século XV, ao longo da costa africana e, depois, até à Índia, representam, de facto, uma enorme vitória sobre as concepções medievais acerca do mar e do mundo, porque ousaram aventurar-se até distâncias longínquas.
Adaptado de Bethencourt, Francisco e Chaudhuri, Kirti "História da Expansão Portuguesa" Vol.1
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